Oi! Meu nome é Amaro e eu sou azarado. Eu sei que esta não é a melhor
forma de se iniciar uma conversa, mas é bom que você já esteja preparado
para o que pode te acontecer caso viremos amigos. O meu azar não passa
por osmose, eu sei, mas é bom prevenir. Vai que... E vamos deixar claro:
isso não é drama, ok?!
Eu tenho 23 anos e há 20 eu
sou azarado. Pelo que eu lembre, a margem de erro é de três anos para
mais. A minha primeira história de azar aconteceu quando eu tinha 4
anos, na vez em que eu passei o dia todo de castigo na "cadeirinha do
menino mau" porque eu não respondi a pergunta que a Tia fez: "Amarinho,
quantas maçãs verdes têm na cesta azul?". Silêncio. Mais uma vez:
"Amarinho, diz pra tia quantas maçãs verdes têm na cesta azul.". Mais
silêncio. "Amarinho, castigo!".
O
que ninguém disse à retardada da Tia, é que o Amarinho estava sem voz e
por isso não respondeu que havia três porras de maçãs verdes na porra
da cesta azul! No fim do dia, a
coordenadora chega na sala para dizer que minha mãe havia ligado desde
cedo avisando que eu estava afônico e a puta da secretária tinha
esquecido de passar o recado. Sem traumas, fui chamado de "mudinho" por
toda a infância.
Na adolescência, malandro, se dava bem nas festinhas... Erm, não.
- Amaro, aquele que te com... Ah, não! Porra, Amaro, tu nunca vai comer alguém nem atrás do armário!
Resultado: fui o veado da turma dos 15 aos 19. E sabe o pior? A profecia se cumpriu! Me pergunto se meus amigos ainda me chamam de veado pelas costas.
Não
bastasse ser o veadinho, ninguém gostava de fazer trabalhos comigo. Não
por terem algum receio de que uma hora eu tascaria um beijo em algum
deles, mas porque os professores tinham uma cisma infernal comigo. Juro,
eu não podia piscar durante uma aula que o desgraçado do professor já
parava a aula e dava um sermão de 20 minutos me usando como exemplo.
Daí, na hora das provas e avaliações de trabalhos, o meu grupo sempre
era epicamente humilhado diante de todos os outros alunos. "Trabalho em grupo como segunda prova! Opa, Amaro, sem grupo de novo?"
Atualmente,
na "fase da curtição" eu me fodo o dobro. Mês passado fui ajudar um
amigo com um brotinho, mas o filho da puta esqueceu de me avisar que a
mulher era casada. O marido chegou, me viu perto da mina e já partiu
para a ignorância. Saldo da pancadaria: um nariz quebrado, dois dedos
tortos, um olho roxo (todos meus!), o fim de um e início de outro
relacionamento (nada meus).
Outra vez flagrei
meu chefe, depois de me chamar de bichinha, falando para a sócia (e
amante também que eu sei) que iria me demitir. Ao ser questionado por
que faria isso, já que eu sou um dos funcionários mais produtivos
(azarado, mas competente), ele soltou: "Porque eu odeio veado. E veado
competente é uma merda, toda hora dá pinta. Sem falar que eu acho esse
moleque tá me cantando".
POOOOOOOORRA!
POOOOOOOORRA!
Eu sei o que você está pensando: o meu problema é só me relacionar com gente filha da puta. Pois este é o meu maior azar.
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