Uma carta para você

Você costumava ser tão doce, tão você. Sinto saudade de quando você era simples, quando a gente discutia horas e quando eu era a primeira (ou a segunda) pessoa com quem desabafava, que contava seus segredos, suas dúvidas. Sinto falta de tanta coisa, mas principalmente de fazer parte da sua vida. Queria que tudo fosse como costumava ser.
De repente você acordou e me viu com outros olhos, olhos que a gente não concordava, que a gente não se conformava. Esses olhos que já foram, por tantas vezes, tema das nossas discussões inteligentes pela madrugada. Você se tornou o que você achava errado, o que te fazia mal.
Infelizmente nós não podemos pensar por ninguém e nem salvar a alma de ninguém, mas eu sempre quis te salvar, principalmente agora, que está prestes a partir, e sei que no fundo você sabe que provavelmente vai ser a maior idiotice da sua vida. Te falta amadurecer e perceber o mundo com seus olhos, e não com os olhos de quem não quer enxergar.
Sinto sua falta, sinto falta de contar tudo sobre mim e saber tudo sobre você. Nós nem nos conhecemos mais. Queria que tivesse o mundo em suas mãos, e com sua delicadeza e excesso de fofura, o mundo seria um lugar melhor, com certeza.
Mas pensamentos retrógrados e mentiras afastam tudo de maravilhoso que o mundo pode te proporcionar. Você está presa numa caixa há tão pouco tempo, e foi o suficiente para te mudar da água para o vinho. Da água para o vinho...  
Talvez você queira provar alguma coisa, talvez você esteja querendo provocar alguém, ou talvez isso seja “uma fase”, espero que seja, quero acreditar que sim mesmo sabendo que, infelizmente, não é.
Quando eu era mais nova, ouvi alguém dizer que existem dois tipos de pessoas no mundo, os inteligentes, que aprendem com suas próprias experiências, com seus próprios erros, e os sábios, que aprendem com as experiências dos outros. Sempre pensei que você fosse sábia. Espero, do fundo do meu coração, que você seja.


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