"(...) Outra que me deu conselhos foi minha avó paterna. Belíssima, não fazia por menos:
- Cuidado com as feias, meu amor, elas são más.
Tinha fixação pela beleza onde estivesse. Um dia morreu-lhe a vizinha de quem era amiga havia cinqüenta anos. A criatura se suicidou e vovó foi lá dar uma espiada. Na volta, me puxou de lado e disse: "Querida, se um dia você pensar em fazer isso, Deus me livre, mas, se pensar, faça-o com gás. Ela estava linda com a cabeça caída do lado do forno, toda rosadinha, esticada, nunca esteve tão bem."
(Uma vida inventada - Memórias trocadas e outras histórias, Maitê Proença, 2008)